domingo, 29 de julho de 2012

A dialética do terror

O Estado não resolve.
Os aparelhos reprimem.
A insegurança é uma preocupação recorrente em nossa sociedade. Vivemos com medo do drogado, do traficante, do assaltante, da polícia. A TV insufla o sentimento. O Estado não resolve. Os aparelhos reprimem. A sociedade lincha. O princípio é: vence o mais forte.

O tráfico de drogas precisa ser combatido. O vício também. E a história precisa ser recuperada para entendermos como se formaram as zonas marginalizadas. Como foram feitas as higienizações dos centros das grandes cidades, levando para a periferia o “feio” que não se quer expor.

O “feio” é o fracasso de um Estado que, em não podendo – e não tendo como objetivo – construir a política pública, prefere reprimir e esconder um problema que se constitui justamente por essa concepção: a de dominantes e dominados.

A violência vem daí. O crime organizado tem colarinho branco e abotoaduras de ouro. O traficante da favela somente é os seus braços. E o vício foi constituído, socialmente, por esse mesmo crime organizado que o promove para que a cadeia se complete.

E se o Estado, que é dirigido também pelo colarinho branco, não cria políticas contra o vício, contra a marginalidade e contra a exclusão, só restar estancar a violência que isso gera. Estanca, mas não sara. Reprime. Mais uma vez a cadeia se completa.

Exclusão, pobreza, tráfico de drogas como fonte de ascensão social, vício. Viciado que arromba carros, traficante que mata o viciado. Polícia que coloca todo mundo na cadeia. Estado que mantém a violência e nenhuma solução para o povo. 

A classe média, os traficantes de morro e os viciados estão do mesmo lado da corda. Do outro, o Estado e quem o opera, uma classe dominante.

E nem falamos em educação, saúde, emprego, desenvolvimento e direitos fundamentais (para a classe média e para o marginalizado). O vício, o tráfico de drogas e a insegurança da classe média são resultado de um mesmo Estado omisso, esfacelado e que beneficia poucos em detrimento de muitos.

Clarissa Peixoto - Jornalista

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